Percorri novamente a Calçada com os olhos, de autocarro. Nunca passaria a pé, e tendo passado não o voltaria a fazer. Ainda assim, depois de um ano e qualquer coisa a passar aqui, e agora com o astigmatismo sob controlo, não consegui perceber onde foi. Nem mancha de sangue nem pelourinho. Os carros deverão continuar a passar por cima e pelos lados, sem saber de nada. Talvez o motorista se lembre.
E a cara espasma, mais uma vez; outra, como cada uma das primeiras. Era tão mais fácil ser católico. Ou acreditar que me assombras. Ou fazer um filho e chamar-lhe reencarnação tua ao reconhecer nele traços do génio que te atribuíamos.
Mas não. Vivo a tua morte com ateísmo e sem superstição alguma, na realidade do sabor do óleo dos carros a apagarem traços inexistentes daquele X que não vejo, e não quero.
Choro. Deve ser do piano impresso a 0 e 1 em mp3.
11.4.05
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1 comentário:
Ola amigo,
A vida as vezes leva-nos o melhor que temos e não podemos fazer nada a não ser aceitar... com revolta... raiva... dor. Mas só podemos aceitar.
Tu és uma pessoa sensivel, mas que olha para a realidade com frieza. As vezes fazes me lembrar queles médicos que fazem a autopsia a cadaveres... olham para o corpo diante de si sem sentir que naquele corpo, em tempos, existiu vida. Assim tu és para a realidade, sem abstracções, sem fantasias. Eu sei que, como dizes, não te conheço... mas é que sinto que emana das tuas palavras as vezes. Mas atenção, não digo que não sejas sensivel, apaixonado e emotivo....
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