Sem flash. A mão a forçar o não tremor. O vento evacuado, e o mar obrigado a fingir-se dormir. Uma onda a meio do seu percurso, no ar, em posição estranha. Como se tivesse sido apanhada desprevenida a meio da noite, e achasse que parar na totalidade seria menos óbvio no seu fingimento que deixar-se deslizar até não existir.
Tu, um sorriso de olhos e boca séria. Brilho de um segundo na quantidade absurda de vários outros de boca aberta, em gritos e palavras de menos decibéis, socialmente também elas menos desejáveis. Os olhos brilhantes, não das várias lágrimas, mas de uma só felicidade, registada como prova a qualquer argumento, válida porque única remanescente.
Desprovido de movimento, continuidade ou contexto, o momento paira. Diz à memória que foi só imaginada. A tua mão, mais branca e brilhante - afinal com efeito do flash - move-se na quietude a que a realidade da foto e a actualidade dos factos obrigam. Chama-me para aquele lugar, onde todas as personagens, camadas extraídas de nós a cada expressão diferente do nosso rosto e a cada ruga de expressão que tentaremos eliminar mais tarde - sem sucesso - se esperam reunir ao que falta fragmentar.
Os óculos já não são oversized. Talvez sejam do tamanho perfeito, porque as lágrimas são também elas maiores. Em captar-te um bocado gastei mais um cartucho de flash que permitia alumiar-me. E em imortalizar-te, esteve a minha primeira forma de homicídio.
8.10.07
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