27.7.05

"p<0.05" ou "rejeita-se a hipótese nula"

Se te pudesse agarrar, amar, beijar... com a facilidade absurda da rima de infinitivos foleira e barata, que nem vogais em programas dos anos 80, não seria estagiário de poeta, ou de prosista, ou de uma qualquer vertente bilateral que poucos nomeiam ou sequer lembram: seria letrista pop, de bolso cheio ao quão cara custa a incultura de quem também se vende, fácil, aos sons mais imediatos. Ou então talvez simplesmente feliz.

Se não estivesses surdo das saídas passadas, se não sorrisses, se não dissesses que sim, com a cabeça, como se estivesses a perceber as palavras em que me destrambelho, já cansado. Ou se não fingisses essa surdez fingida que o não é por esses sorrisos e esses acenos...

E se não tivesse que usar condicionais que servem para descrever vontades modestamente realizáveis e sonhos que a princípio não serão se's com mais sorte, porque não queres que te pinte com o rato, e te retoque com filtros de raios de sol que queria mostrar aos outros quando só mental e imaginativamente em ti os consigo sobrepôr... talvez soubesse como as completar.

19.7.05

would you like a cup of ti?

Apetecia-me a areia. O nevoeiro de que não nos desembaraçámos na praia de sempre, discoteca cheia de fumo, já vazia de música, com o mesmo som a enrolar-se nos ouvidos, e a vibração que dança nos pés quando o bailarico, raramente a pares e muito em grupo, já se tornou no andar para a rua.

Imaginar-me filmado, endeusado, sapatos na mão e calças a treparem às próprias costas até aos joelhos, um qualquer momento pré-final-feliz de um filme de domingo-ressaca, a que falta justamente a conclusão, adiada por anúncios de versões suas a intercalá-la.

E cantar. Para o chuveiro ou para microfone de palco, sem que as letras, geniais ou foleiras, sofressem da não muita afinação das cordas do cantor ou dos atributos, reais e portanto contrastantes, do cantado.