18.6.05

vai dormir!

A rua fala baixinho a estas horas. Lembra-se de respirar e suspirar volta e meia, ritmada que está aos autocarros da noite. Não me acorda. Também não durmo o estatisticamente significativo para tal. Fecho os olhos e pouco mais.

O calor do quarto podia-me perturbar. Se me perturbasse, teria sempre a hipótese de ser pior, fosse o calor mantido a duas fontes de 36ºC a trocarem calor de tal forma que confundíssem a Química, por aumentarem ambas. Mas não é o caso.

E o sol virá com a manhã. Poderei ter a máscara para dormir ainda posta, ou poderá estar no chão ou perdida pelo edredão, como se fosse pessoa e tivesse preferências de sono. Poderei acordar ou não com a claridade. Posso realmente muito, mas só me apetece de tanto uma percentagem bem menor.

A inspiração, ao contrário ou talvez mais como o amor do que parece, nasce da sua própria falta. Sem DNA de que se replicar, sem nenhum deus que a crie. Simplesmente porque lhe apetece mais umas décimas que a quem a transmite.